Por Antonio Jorge de Melo
Desde que comecei a me interessar a ler matérias relacionadas a tratamentos com células-tronco, logo percebi que os pesquisadores brasileiros tinham uma profunda reserva em relação a China, e a sua maneira de conduzir esse assunto. Li muitos artigos de pesquisadores e médicos brasileiros criticando a forma descontrolada e mercantilista que a China vinha adotando em relação a oferta e a realização de tratamentos com células-troncos.
Isso foi em 2010, e algum tempo depois todos nós tomamos conhecimento de um fato que ocorreu na Alemanha, o fechamento da Clinica X cells Center, o que causou um verdadeiro alvoroço nos meios científicos e entre os pacientes que acompanham de perto o desenrolar desses tratamentos. O fechamento dessa clínica endossou a posição dos críticos em relação ao que eles denominam de “turismo das células-tronco”, designação que eu particularmente não uso e não concordo com ela, por acha-la demagógica, depreciativa e ofensiva aos pacientes que buscam esses tratamentos, a maioria desesperada e ansiosa por uma chance de viver.
No início do ano, uma notícia vinda da China começou a trazer um pouco mais de clareza a essa questão. O site americano clinaltrials. gov anunciou o início de um estudo experimental com células-tronco adultas na China em 30 pacientes com ELA no Hospital Geral das Forças Armadas da Polícia Chinesa, em Pequin. Contudo, logo depois o governo da China “ordenou a suspensão de todos os tratamentos e testes clínicos com células-tronco que não tivessem a aprovação oficial, informou a mídia estatal, no momento em que o governo tentava controlar a ampla oferta de tratamentos com células-tronco no país, bem como também parava de aceitar novos requerimentos para programas de células-tronco, proibição que irá durar até julho do ano em curso, enquanto a China começa um programa de um ano para melhorar a regulamentação do setor, disse um porta-voz do ministério, segundo a agência Xinhua.”.
Sobre esse assunto eu comento nos links:
-http://falandosobreela.blogspot.com.br/2012/01/estudo-com-celulas-tronco-na-china.html Passado alguns meses, a Neuralstem publica uma interessante matéria em seu site falando sobre a presença da empresa no território chinês para realização de ensaios clínicos, a “Neuralstem China (Suzhou Biofarmacêutica Neuralstem Company Ltd.), é o desenvolvimento de tratamentos de terapia celular para a desordem motora crônica de curso em colaboração com Bayi Hospital do Cérebro, em Pequim”, e anuncia também a presença do seu Diretor Científico, Karl Joe, no evento:
Venue: Hall One Spinal Cord Injury Trials: Industry Perspective Moderators: Mahendra Rao & Wise Young | 13:30-19:00 | Venue: Hall Two |
Human Neural Stem Cell - Karl Johe, NeuralStem. US | 13:00-15:30 | Neurorestoratological Youth Forum - Geoffrey Raisman - Paul R. Sanberg |
Ele vai rever a disponibilidade de células Neuralstem para entrar em ensaios clínicos na China, bem como fornecer uma visão geral dos programas clínicos nos EUA na esclerose lateral amiotrófica (ELA ou doença de Lou Gehrig) e em lesões da medula espinhal.”.
Diante de tantos fatos novos que estão ocorrendo na China em relação a pesquisas com células-tronco, e principalmente pela presença da Neuralstem naquele país participando agora na elaboração e planejamento das pesquisas com célula-tronco em ELA, é o momento de revermos nossos conceitos e reavaliarmos todo o contexto dessa história, pois todas essas medidas tomadas pelos órgãos regulatórios de lá realmente foi “um negócio da China”.