O dia 3/01/2013 foi para todos os
pacientes de ELA no mundo, seus familiares, cuidadores, simpatizantes da causa,
bem como para a comunidade médico-científica que atua na área de doenças do neurônio motor
um dia de grande pesar. Sem dúvida, a notícia publicada
naquele dia falava que a Biogen descontinuaria as pesquisas com a
dexpramipexole, pelo fato do estudo Empower não ter atingido seus objetivos
primários e secundários em relação a ELA.
Triste, com certeza, decepcionante. Mas a
grande verdade é que estamos falando de pesquisa, e quando se fala em pesquisa,
tal qual uma partida de futebol, os resultados só podem ser validados no seu
final.
Acredito que o foco se voltou
para a dexpramipexole porque essa droga passou a representar um tratamento
inovador e uma opção melhor e mais eficaz que o Riluzol , cujos resultados,
todos nós sabemos que são insuficientes, pífios e intangíveis. Alem disso, as
redes sociaias de ELA no mundo inteiro se mobilizaram na divulgação das
informações que saiam sobre a dexpramipexole, que até então eram bastante positivos e favoráveis, o que permitiu
gerar uma onda de otimismo e de esperança
para todos nós.
Aqui no Brasil, a perspectiva de
que a dexpra seria realmente lançada era tão grande que o Movela, com o apoio de vários dos seus colaboradores, visando antecipar-se aos fator e agilizar a incorporação
da droga no SUS para distribuição gratuita aos pacientes tão logo ela fosse
lançada, implementou ações importantes em Brasília, acionando a FPDR´s, a
ANVISA, o CONEP, e o Min. da Saude, em relação a possível chegada da droga.
É interessante pensar que os resultados FASE
III de uma outra droga para o tratamento da ELA, a Olesoxime
quando foram publicados não causaram nenhum
alarde na comunidade. Naquela oportunidade, comentando sobre os
resultados da Olesoxime, o Dr. Brian Dickie, Diretor de Pesquisa e de
Desenvolvimento da Trophos disse: "Embora estes resultados sejam muito decepcionantes após as descobertas iniciais
promissores do laboratório, é encorajador saber que a Trophos está ansiosa para assegurar que a comunidade científica
internacional seja capaz de aprender a partir destes resultados, para ajudar a
orientar futuras pesquisas. Estes resultados também destacam a necessidade
imperativa de um biomarcador específico da doença ou 'impressão digital' da DNM.
Um dos fatores sugeridos pela empresa que pode ter contribuido para a falta de eficácia é o fato de que o atraso entre o início dos sintomas e o diagnóstico ainda é muito
longo. Com biomarcadores, o diagnóstico precoce significa tratamentos
potenciais que podem ser testados no
início da doença, com maior chance de mostrar um efeito benéfico ".
Por fim, devemos
sim tirar importantes lições desse fato ocorrido em relação a dexpra para
nortear nossas futuras ações, bem como para que entendamos que no que se refere
a pesquisa clínica, não podemos e não devemos comemorar o resultado antes do final do jogo.