Brasília – O Ministério da Saúde anunciou na última
quarta-feira (27), na véspera do Dia
Internacional das Doenças Raras, que vai colocar em consulta pública 2
documentos sobre a elaboração de uma política pública específica para o
tratamento de portadores das cerca de 8 mil doenças raras catalogadas e de
apoio aos parentes. O anúncio foi feito no 3º Seminário sobre o Dia
Mundial de Concientização sobre as Doenças Raras, coordenado pelo deputado
federal Romário (PSB-RJ). Durante o evento, diversas entidades relacionadas a
essas doenças cobraram do Ministério da Saúde ações específicas para os cerca de 15 milhões de brasileiros que sofrem
com as doenças raras. Ações nas áreas de informação, pesquisa e diagnóstico
foram cobradas pelas entidades.
O ator Luciano Szafir, irmão de Alexandra
Szafir, portadora de Esclerose Lateral Amiotrófica, relatou como é ter um
parente portador de doença rara. Ele disse, emocionado, que a sua irmã,
aparentemente saudável, depois de sentir dores no joelho, teve o diagnóstico
dessa doença, que dá uma estimativa de cinco anos de vida ao portador depois
que os sinais aparecem.
Segundo Szafir, mesmo com a família tendo
condições financeiras de ir aos melhores médicos, o diagnóstico da irmã, que
convive há oito anos com a doença, demorou muito a chegar. “Hoje ela já não
fala, não se mexe, fica na cama o tempo todo, respira por aparelhos e come por
meio de sonda”, declarou. Na avaliação do ator, essas doenças são devastadoras
para as famílias.
O presidente da Associação MariaVitória, Rogerio Lima, confirma a
ausência de informação dentro do próprio sistema de saúde. Morador de Brasília
e pai de uma menina com neurofibromatose, ele passou quatro anos em busca do
diagnóstico da filha. Diagnosticada no Rio de Janeiro, ela chegou a ser
transferida para Belo Horizonte (MG) e, há duas semanas, está sendo tratada na
capital federal. “Falta mostrar aos médicos onde estão os centros de referência de cada
especialidade, para que eles repassem aos pacientes. Descobri o tratamento na
minha cidade por meio de outros pais. Imagina como é para quem mora no
interior”, completou.
Regina Próspero e Dudu Próspero com o grupo Movela |
Natan Monsores |
O professor do Departamento de Saúde Coletiva da
Universidade de Brasília (UnB), Natan
Monsores, criticou o tempo de espera enfrentado pela maioria desses pacientes
para serem acolhidos no sistema de saúde. “O tempo de diagnóstico demora algo
em torno de três a cinco anos. O itinerário de diagnóstico do paciente é muito
longo”, contou. Ele acredita que 70% dos problemas relacionados às doenças raras seriam
resolvidos por meio de um sistema claro de informações
sobre essas síndromes. “Boa parte dos pacientes fica perdida dentro do SUS
[Sistema Único de Saúde] por não saber ao certo que especialista buscar, onde
são os centros de referência”, disse Monsores. Segundo ele, a falta de informação acaba resultando no que muitos
médicos chamam de paciente especialista, já
que algumas pessoas afetadas pelas síndromes passam a conhecer mais o problema
que os próprios profissionais de saúde. Ele lembrou que pacientes e parentes se
reúnem pela internet e por meio de
associações para trocar informações, por exemplo, sobre tratamentos
disponíveis.O professor destacou que há uma judicialização excessiva no campo das
doenças raras. “Pelo fato de esses pacientes terem doenças muito peculiares,
eles são alvo de incursões da indústria farmacêutica. A gente sabe disso por
relato de pacientes que são assediados por advogados para que entrem na Justiça
com processos contra o governo para obter medicamentos”, relatou.
Já o Deputado Romário, que tem uma filha portadora
de síndrome de Down, reclamou da falta de definição sobre uma política em
relação às doenças raras pelo Ministério da Saúde e a ausência de informação no
sistema de saúde. “Só quem passa por isso sabe como é aflitivo não saber onde
tem tratamento para a sua doença. Falta pesquisa, e não só sobre medicamentos,
falta identificar quantas pessoas [são portadoras] e como vivem. Só assim o
país vai ter uma rede eficaz de atendimento”, ressaltou, acrescentando que o
Brasil está atrasado em relação ao Chile e à Argentina.
FONTE:
http://portal.comunique-se.com.br/index.php/releases/ministerio-da-saude-anuncia-breve-politica-especifica-para-doencas-raras-no-ambito-do-sus/imprimir.html?tmpl=component
http://aquiacontece.com.br/noticia/2013/02/28/doencas-raras-afetam-cerca-de-15-milhoes-de-brasileiros
Dep Romário e demais membros da Mesa |
FONTE:
http://portal.comunique-se.com.br/index.php/releases/ministerio-da-saude-anuncia-breve-politica-especifica-para-doencas-raras-no-ambito-do-sus/imprimir.html?tmpl=component
http://aquiacontece.com.br/noticia/2013/02/28/doencas-raras-afetam-cerca-de-15-milhoes-de-brasileiros
Fotos: Antonio Jorge de Melo
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