Estudo publicado na revista científica «Science Translational» revela grandes avanços na prevenção da degeneração neurológica
2013-10-10 15:39
Uma substância produzida na universidade de Leicester, Inglaterra, testada em ratinhos, revelou-se extremamente eficaz na prevenção da morte das células cerebrais, associada a doenças como o Alzheimer, Parkinson e Huntington, avançou a BBC esta quinta-feira.
Ainda que o composto não possa, para já, ser usado em humanos, esta descoberta, publicada na revista científica «Science Translational», pode ser um passo fundamental para empresas farmacêuticas desenvolverem um medicamento que possa curar a degeneração neurológica.
A degeneração celular acontece quando as células são atacadas por um vírus, o que leva a uma acumulação de proteínas virais, e para impedir a disseminação do vírus, a célula atacada deixa de produzir proteínas. Mas muitas doenças degenerativas implicam a criação de proteínas «defeituosas» ou deformadas, que ao permanecerem mais tempo nas células, acabam por desligar completamente a produção de proteínas levando à morte da célula.
Quando isto acontece em vários neurónios no cérebro, pode conduzir à perda de movimentos e memória, ou mesmo matar, dependendo da doença. O que o composto aplicado conseguiu foi «desligar» este sistema de defesa natural e assim impedir a degeneração dos neurónios.
Os ratinhos que receberam o tratamento, e que eram portadores da doença neuro degenerativa dos priões, não mostraram qualquer sinal de tecido cerebral destruído. Já os que não receberam o composto acabariam por morrer após 12 semanas.
«Eles estavam extremamente bem, foi extraordinário», disse à BBC a coordenadora da pesquisa, Giovanna Malluci. «O que é realmente animador é que pela primeira vez um composto impediu a degeneração dos neurónios.»
«Ainda não é o composto que se usaria em pessoas, mas significa que podemos fazê-lo, e isso já é um começo».
No entanto, os efeitos secundários foram um problema, com o medicamento a atuar, não apenas no cérebro dos ratinhos, mas também no pâncreas, o que conduziu ao aparecimento de uma forma leve de diabetes e perda de peso.
Um medicamento que possa ser usado em humanos terá de atuar somente no cérebro, no entanto este é um ótimo ponto de partida para as empresas farmacêuticas começarem a trabalhar num medicamento.