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Em 2009 fui diagnosticado com uma doença do neurônio motor (DNM) Trata-se de uma doença neuromuscular, progressiva, degenerativa e sem cura. Mesmo assim insisto que vale a pena viver e lutar para que pesquisas, tratamentos paliativos, novos tratamentos cheguem ao Brasil no tempo + breve possível, alem do respeito no cumprimento dos nossos direitos. .

12 de jun. de 2011

MATÉRIA Nº1 - Células-tronco reprogramadas são rejeitadas


Depois da pesquisa sobre células adultas – como as da pele (fibroblastos) – que podem ser retiradas e  reprogramadas para se comportarem como células-tronco embrionárias, surgem novos estudos mostrando obstáculos ao seu uso na terapia celular. Primeiro foram trabalhos mostrando que elas guardam “memória” de onde foram retiradas. Agora uma nova pesquisa  realizada em camundongos, publicada na revista Nature , revela que elas também podem ser  rejeitadas quando reinjetadas no mesmo animal de onde foram retiradas.
Células reprogramadas ou IPS (do inglês induced reprogrammed stem cells) são uma excelente ferramenta para entender mecanismos patológicos e pesquisar novos tratamentos
Recordando, essas células que podem ser retiradas teoricamente  de vários tecidos adultos podem – através da ativação de alguns genes específicos – voltar a se comportar como embrionárias. Assim tornam-se capazes de se diferenciar em qualquer tipo celular, como o cardíaco, músculo, gordura, osso ou células nervosas.
Desde a sua descoberta imaginava-se que seriam ótimas para pesquisas.  De fato são. Vários trabalhos já foram publicados mostrando que é possível reprogramar células de pacientes com diferentes doenças, gerar linhagens celulares, e testar diferentes abordagens terapêuticas para tratar aquela doença. Esse potencial das células IPS é incontestável.
Perdoam, mas não esquecem
A grande questão levantada desde a descoberta  das células IPS é se elas algum dia poderiam ser usadas para terapia celular, isto é, para substituir células ou tecidos lesionados. Apesar de ser muito semelhantes às células embrionárias, capazes realmente de formar qualquer tecido (que é a vocação natural das células-tronco embrionárias) uma primeira pesquisa mostrando que elas guardam uma “memória” de onde foram retiradas e “preferem” se diferenciar naquele tecido- foi publicada em setembro de 2010  pelo grupo do George Daley. Outras pesquisas publicadas  recentemente (Nature cell biology, maio de 2011) confirmaram esse achado e por isso brincam que elas “perdoam, mas não esquecem”.
A novidade é a rejeição
Uma nova pesquisa que acaba de ser publicada na revista Nature, liderada pelo Dr. Xu, mostrou que células IPS retiradas de camundongos foram rejeitadas quando reimplantadas em animais com a mesma constituição genética. Normalmente as verdadeiras células-tronco embrionárias, quando injetadas em camundongos formam um tipo especial de tumor, chamado de teratoma.
A presença do teratoma é a prova que as células injetadas são realmente pluripotentes, isto é, capazes de formar qualquer tecido. Entretanto, essas células IPS de camundongos, quando reinjetadas, ou não formaram teratomas ou formaram alguns que foram rejeitados pelo animal receptor.  Descobriu-se que os teratomas estavam expressando genes que provocavam  uma resposta imune.
Um balde de água fria?
Para aqueles que achavam que era possível reinjetar células-tronco derivadas das IPS,  sem preocupação com o problema da rejeição, desde que fossem retiradas da mesma pessoa, foi um balde de água fria. Mas na realidade o quadro não é tão negro assim. Talvez seja possível controlar esses genes que provocaram a resposta imune. Ou então administrar drogas imunosupressoras para evitar a rejeição. Mas o fato é que serão necessárias mais pesquisas antes de poder saber se células IPS poderão ser usadas para terapia celular. A boa notícia é que elas têm nos ajudado muito a entender os mecanismos que causam diferentes doenças genéticas abrindo novos caminhos para seu tratamento. E que outras células-tronco adultas estão sendo testadas com resultados promissores em modelos animais.
Por Mayana Zatz