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Em 2009 fui diagnosticado com uma doença do neurônio motor (DNM) Trata-se de uma doença neuromuscular, progressiva, degenerativa e sem cura. Mesmo assim insisto que vale a pena viver e lutar para que pesquisas, tratamentos paliativos, novos tratamentos cheguem ao Brasil no tempo + breve possível, alem do respeito no cumprimento dos nossos direitos. .

18 de mai. de 2022

Reversões de ELA - os 48 casos documentados



Dr Richard
Bedlack MD, PhD é Professor de Neurologia na Univervisidade de Duke, na Carolina do Norte e Diretor da Duke Clinica de ELA. Seu primeiro contato com a doença foi em 1997 quando era residente e presenciou um paciente com essa condição, lhe falaram que pacientes com ELA sempre passam por uma rápida evolução e possuem baixas chances de sobreviver. Foi daí que surgiu a motivação para construir um programa voltado a esses pacientes com o objetivo de lhes proporcionar uma vida melhor e mais longa. Isso só seria possível através de pesquisas. 

No primeiro momento,  Dr Bedlack aprendeu sobre as formas de mensurar a progressão da doença, através de 12 parâmetros relacionados a coordenação motora, como por exemplo: escrita, alimentação e vestimenta. Este método se chama ALS Functional Rating Score e funciona através de um questionário com 12 perguntas que devem ser respondidas com notas de 0 a 4. Normalmente, a progressão da doença pode ser observada de forma linear através do resultado deste método, as notas costumam cair 1 ponto por mês.

A média de sobrevivência dos pacientes sem traqueostomia costuma ser de 3 anos a partir do início dos sintomas, porém existe grande variação entre os pacientes:

20% vivem mais que 5 anos

10% vivem mais que 10 anos

5% vivem mais que 20 anos

Também existe uma especificidade da doença que ainda não foi compreendida de forma integral por médicos e pacientes, trata-se dos platôs aleatórios, isto é, períodos aleatórios em que a doença não evolui. A evolução da doença nem sempre se dá de forma linear, podendo até mesmo haver melhoras por um certo período. Isso foi comprovado através do livro que conta a história de Lou Gehrig, famoso jogador americano de beisebol.  O livro analisa a performance do jogador em seu último ano de carreira em 1938. Através de duas métricas de performance, percebemos que durante um mês de seu último ano, sua performance foi mais alta que a média de toda a sua carreira. Essa especificidade da ELA é um fator que dificulta bastante a análise de resultados de um determinado tratamento.

Até 2011, o Dr Bedlack não acreditava que fosse possível haver reversão da doença. O primeiro caso conhecido de reversão aconteceu com Nelda Buss. O Dr Bedlack a conheceu através de um programa que ele promovia, onde pacientes o enviavam dúvidas sobre informações encontradas na internet, como teses de tratamento. O Dr as lia e escrevia um relatório a respeito baseado em seu conhecimento técnico. Nelda surgiu através de uma investigação de um suposto tratamento chamado de "cura energética", no site de um homem chamado Dean Kraft, o "curandeiro da energia".

No site havia um vídeo da própria Nelda relatando que foi diagnosticada com ELA aos 43 anos e com uma rápida progressão em 6 meses de doença já não conseguia andar e nem cuidar de si mesma sozinha. Com 1 ano de doença estava totalmente paralisada e com grande dificuldade de respirar. Nesse ponto ela já estava desenganada pela clínica onde se consultava, pois não havia mais nada a ser feito. Ela diz no vídeo que neste cenário decidiu tentar uma última cartada e visitar o curandeiro da energia. Nos 2 anos seguintes ela documentou toda a sua evolução até retomar a vida normal, quando voltou a trabalhar numa fazenda, subir escada e empilhar lenha por mais de 30 anos.

Obviamente o Dr achou o vídeo incrível, porem ficou desconfiado visto que na internet temos acesso a diversas informações falsas. Então ele decidiu encontrar Nelda. Após encontra-la, ela enviou uma grande quantidade de arquivos médicos com exames neurológicos mostrando a evolução da doença, perda da função motora e sinais neurais e outros testes que tentavam descobrir demais razes pelo acontecimento. Além disso, os arquivos médicos possuiam credibilidade pois tinham sido realizados por equipes médicas da Virgnia que o Dr conhecia e tinha respeito. Portanto, o Dr não duvidou de que de fato ela teve ELA e que melhorou de acordo com o seu relato no vídeo.

A partir disso, o Dr Bedlack decidiu traçar uma linha de estudo mais aprofundada a respeito do caso. Apesar disso, o Dr pensava que os modelos de estudo da ELA disponíveis não eram os melhores possíveis. Os modelos com animais são realizados inserindo anormalidades genéticas em ratos e peixes, por exemplo. De fato, esses animais apresentam sinais da doença similares ao que uma pessoa teria, porém a causa da "doença induzida" não é a mesma que a maioria das pessoas tem, isto é, a maioria das pessoas não tem uma anormalidade genética. Nos modelos realizados com animais, chegou-se a encontrar alguns medicamentos que retardaram de forma relevante a progressão da doença nos animais, mas que não funcionou em humanos.

Com o passar do tempo, novos modelos que o Dr acredita que sejam mais eficazes estão surgindo. Um exemplo de modelo que o Dr enxerga como promissor é o de células tronco com potencial induzido, onde literalmente raspam a pele de uma pessoa com ELA e transformam essas células da pele em células-tronco. Então, em laboratório, essas células-tronco podem ser transformadas no tipo de célula que eles quiserem, como por exemplo neurônios motores.


Existe uma teoria que o Dr Bedlack acredita e que de certa forma pode servir de parâmetro para o desenvolvimento eficaz de uma droga para a reversão da ELA. Trata-se da teoria dos controladores de elite de HIV (cerca de 1% do total). Nos anos 80 algumas pessoas foram infectadas pelo vírus, mas nunca ficaram doentes, sem tomar nenhum medicamento. Anos depois, os genes dessas pessoas foram estudados e identificou-se uma mutação em comum chamada de variação delta 32, que basicamente impedia o HIV de entrar nas células e deixar a pessoa doente. A Pfizer aproveitou a situação e desenvolveu uma droga que agiria da mesma forma. Essa droga foi de fato lançada e tem alta eficácia.                 

O Dr Bedlack definiu alguns parâmetros para enquadrar uma situação como reversão: 

Comprovar o diagnóstico da ELA através de exames e laudos

Ter apresentado progressão da fraqueza para a deficiência

Relevante recuperação da perda da função motora e pelo menos uma das deficiências a seguir revertidas, como por exemplo:

Costumava ser dependente de ventilador mecânico e agora está respirando por conta própria

Costumava se alimentar por tubo e agora engole normalmente

Costumava ter dificuldade na fala e agora se comunica normalmente

Costumava utilizar cadeira de rodas e agora consegue andar normalmente

Entre a comunidade médica e estudiosos, existem 3 teorias principais para os casos de reversão da ELA:

1 - A mais aceita é a de que essas pessoas na verdade nunca tiveram ELA, mas sim alguma doença com sintomas muito similares, que ainda não foi catalogada.

2- Existe algo diferente com essas pessoas, algo parecido com o grupo de "controladores de elite de HIV", isto é, pessoas que de alguma forma carregam uma especificidade genética que as permite lutar contra a doença e se recuperar.

3 - A terceira alternativa é de que algum tratamento entre os vários que essas pessoas realizaram de fato funcionou, mas não sendo possível descobrir exatamente qual.

 Por que o Dr acredita que não sejam casos mimic? (Mimic são casos em que a pessoa tem algo muito parecido com ELA, ainda não catalogado ou de difícil diagnostico):

1.   A maioria dos pacientes recuperados possuíam todos os sintomas clássicos e comprovações do diagnóstico através de exames neurológicos.


2.     4 têm histórico de ELA familiar (% equivalente ao que se vê em outras bases de dados)

3    O fato de os pacientes terem se recuperado de maneira semelhante a pessoas que tiveram poliomielite, através de um processo chamado brotamento colateral (será explicado a seguir).

As bases cilíndricas representam o musculo, e em uma pessoa saudável esse musculo é inervado por 4 neurônios motores. Quando uma pessoa fica doente (poliomielite), algum desses neurônios é eliminado. Com ele morto, parte desse musculo não tem nenhuma conexão com o sistema nervoso e portanto ficará fraco. No caso de uma pessoa que sobrevive ao vírus da poliomielite, a recuperação não acontece a partir da criação de um novo neurônio motor (isso é impossível). O que ocorre é que os neurônios restantes ao redor do neurônio morto, se conectam ao outras partes dos músculos, reconectando o sistema nervoso. O Dr comprovou isso traves de exame de eletroneuromiografia.

Perfil dos pacientes recuperados:

A média de idade é de 50 anos, inferior a média de pessoas com ELA (60 anos).

39 das 48 eram homens

As pessoas recuperadas tinham uma evolução mais acelerada que a média geral dos pacientes
 
antes de iniciar o tratamento.

Algumas pessoas do grupo concordaram em doar seus corpos para estudo quando vierem a óbito

O Dr está se aprofundando na análise do DNA dos pacientes q tiveram reversão, com a ajuda de parceiros como a Universidade de Miami, que fará o estudo de sequenciamento genético para posteriormente ser comparado a outros pacientes de ELA.

O Dr acredita que a teoria que tem maior potencial é a que se relaciona ao fato ocorrido com os controladores de elite de HIV. Com o conhecimento que se tem hoje a respeito de genes, poderia se descobrir rapidamente como ele age e criar uma droga que faça o mesmo.

Conclusões

As reversões de ELA são raras, porém obviamente muito valiosas, pois podem fornecer informações, como por exemplo, algum tipo de mecanismo endógeno que torna as pessoas resistentes a doença ou algum tratamento específico que gerou resultado.

O Dr diz que está a espera de financiamento para testar suas hipóteses e se aprofundar nos casos de reversão.

O Dr deixa claro que ainda não se sabe a razão pela qual as 48 pessoas tiveram a reversão. O tratamento que elas estavam fazendo está associado a melhora, porém não foi possível comprovar que este foi o fator determinante.

       Onde conseguir mais infos (inclusive os protocolos de tratamento usados):

  •           www.dukealsclinic.com
  •        www.alsreversals.com 


30 de abr. de 2022

ELA: resultados de testes de drogas a serem observados em 2022

 


esforços em estudos de ELA, preparando o terreno para várias leituras importantes de testes de medicamentos este ano.

 Por William Newton

Uma decisão esperada da FDA sobre o ativo de esclerose lateral amiotrófica (ELA) da Amylyx Pharmaceuticalsem junho será a manchete de um ano movimentado no desenvolvimento de medicamentos para esta doença rara. Cinco grandes ensaios têm resultados previstos em 2022, incluindo dados altamente antecipados do estudo da plataforma HEALEY.

Com apenas dois medicamentos aprovados pela FDA visando a ELA, há uma necessidade gritante não atendida de novos tratamentos. Apenas o riluzol genérico, que obteve a aprovação da FDA em 1995, mostra um efeito modesto na sobrevida. O Radicava (edaravone) da Mitsubishi Tanabe Pharma obteve a aprovação da FDA em 2017 por seu efeito demonstrado na funcionalidade ALS, mas seu projeto e dados de teste não atenderam aos padrões europeus para garantir suporte regulatório.

Ainda assim, mudanças no tratamento podem estar no horizonte. As empresas farmacêuticas aumentaram constantemente o número de investigações de medicamentos de Fase I a Fase III de ELA na última década, de acordo com o banco de dados de ensaios clínicos da GlobalData. Em 2012, havia apenas 11 ensaios iniciados pela empresa e nove iniciados pela instituição. Isso aumentou para 40 studos iniciados pela empresa e 20 iniciados pela instituição em 2021. 

A ELA é uma doença neurodegenerativa rara caracterizada pela morte de neurônios motores. A doença ocorre  em aproximadamente duas em cada 100.000 pessoas, e os pacientes têm uma expectativa média de vida de quatro anos após o diagnóstico.

 Amylyx espera decisão sobre ELA em 2022

Com uma data PDUFA de 29 de junho já definida, o AMX0035 da Amylyx lidera o grupo de candidatos a medicamentos para ELA que disputam um aceno regulatório. No estudo CENTAUR Fase II de 135 pacientes (NCT03127514), o AMX0035 encontrado é o desfecho primário de diminuição do declínio da função após seis  meses. O desfecho primário foi medido usando a métrica ALS Functional Rating Scale-Revised (ALSFRS-R), avaliação mais comum da progressão da doença em ensaios clínicos de ELA. Uma análise interina de um  estudo de acompanhamento aberto descobriu que o tratamento pode prolongar a sobrevida em aproximadamente 6,5 meses.

Antes de conceder ao AMX0035 uma designação de Revisão Prioritária, a FDA disse inicialmente que a Amylyx  exigiria que os resultados da Fase III fossem arquivados para uma aprovação do AMX0035. A agência então  reverteu essa decisão, permitindo que a empresa apresentasse uma apresentação de NDA com base nos dados da  CENTAUR. No entanto, há o estudo de Fase III PHOENIX de 600 pacientes em andamento (NCT05021536) estudando AMX0035 em ELA, que tem uma data de conclusão primária estimada em novembro de 2023.

AMX0035 é uma combinação de pequenas moléculas de ácido tauroursodesoxicólico (TUDCA) e fenilbutirato de sódio. Destina-se a proteger as células nervosas de danos, visando o retículo endoplasmático e a neurodegeneração dependente de mitocôndrias na ELA. Em 4 de janeiro, a empresa anunciou que havia enviado um Pedido de Autorização de Comercialização (MAA) à EMA.

 HEALEY para fazer barulho com leituras

O estudo de Fase II/III HEALEY ALS (NCT04297683) testa vários tratamentos de ELA em um projeto de teste de plataforma única. Os resultados esperados do HEALEY abrangem o verdiperstat da Biohaven  Pharmaceuticals, o CNMAU-8 da Clene Nanomedicine e a pridopidina da Prilenia Therapeutics. O estudo usa um desfecho primário de alteração no ALSFRS-R ao longo de 24 semanas, com desfechos secundários incluindo  sobrevida e medidas de força muscular e função respiratória.

O verdiperstat da Biohaven é um inibidor da enzima mieloperoxidase (MPO), que pode reduzir a ativação microglial e a neuroinflamação na ELA. Os resultados da Fase II/III de sua coorte HEALEY de 167 pacientes NCT04436510) são esperados em meados de 2022. Verdiperstat também está em desenvolvimento para atrofia de múltiplos sistemas (MSA) .

O CNMAU-8 de Clene é uma suspensão de nanocristais de ouro com efeitos remielinizantes e neuroprotetores, e está em desenvolvimento para ELA, doença de Parkinson e esclerose múltipla. Os resultados da fase II/III  para a coorte CNMAU-8 de 161 pacientes (NCT04414345) em HEALEY estão previstos para o primeiro semestre deste ano. Anteriormente, o estudo RESCUE-ALS de Fase II de 45 pacientes do CNMAU-8 (NCT04098406) perdeu seu objetivo primário de MUNIX, uma avaliação somada de disfunção motora e progressão da doença na ELA.

A pridopidina de Prilenia é um agonista S1R projetado para aumentar a neuroproteção e a neuroplasticidade. É também um antagonista do receptor de dopamina D2, que estabiliza a atividade psicomotora. Os resultados de sua coorte HEALY ALS de 160 pacientes (NCT04615923) são esperados no terceiro trimestre de 2022. O medicamento também está em um estudo de Fase III com 480 pacientes  (NCT04556656) na doença de Huntington.

 Wave, Eledon antecipam dados iniciais

Há alguns ativos em fase inicial de testes com dados esperados para este ano. A Wave Life Sciences  está recrutando um estudo de Fase I/II de 42 pacientes (NCT04931862) de WVE-004 em pacientes com ELA associada a C9orf72 ou demência frontotemporal. WVE-004 é uma troca de nucleotídeos de guanina do inibidor de C9orf72 – a causa genética mais comum de ELA, que responde por cerca de 12% dos casos. 

O estudo tem incidência de eventos adversos como seu desfecho primário, com desfechos secundários medindo a farmacocinética e farmacodinâmica do WVE-004. A Wave disse que antecipa dados clínicos em 2022 , que informarão uma decisão sobre os próximos passos de desenvolvimento. Enquanto isso, o anticorpo monoclonal (mAb) AT-1501 da Eledon Pharmaceuticals está em um estudo de Fase IIa aberto com 52 pacientes em ALS (NCT04322149). O mAb bloqueia a via CD40L, o que poderia melhorar a função muscular e retardar a progressão da doença.

Eledon disse que este estudo focado em segurança terá resultados de primeira linha em 2022 . O AT-1501 tem a designação de medicamento órfão da FDA, e um estudo anterior de Fase I, de dose única ascendente, descobriu que o medicamento é seguro e bem tolerado.

 

                                             Calendário de marcos da ALS

Companhia

Nome do medicamento

Ensaio Clínico

Marco de 2022

Produtos farmacêuticos Amylyx

AMX0035

Ensaio CENTAUR Fase II

PDUFA data de 29 de junho

Farmacêutica Biohaven

verdiperstat

Estudo de Fase II/III HEALEY ALS

Dados em meados de 2022

Clene Nanomedicina

CNMAU-8

Estudo de Fase II/III HEALEY ALS

Dados no 1S22

Prilenia Terapêutica

pridopidina

Estudo de Fase II/III HEALEY ALS

Dados no 3T22

Ondas Ciências da Vida

WVE-004

Ensaio Fase I/II

Dados em 2022

Eledon Pharmaceuticals

AT-1501

Ensaio de Fase IIa

Dados em 2022

Diferentes expectativas de desfecho e eficácia podem tornar desafiador o projeto de um ensaio clínico de ELA. A Clinical Trials Arena procura maneiras de atenuar os obstáculos ao desenvolvimento de medicamentos. Consulte Mais informação...

 

 

 

Fonte: https://www.clinicaltrialsarena.com/analysis/als-drug-trial-results-to-watch-in-2022/

           Imagem meramente ilustrativa

 

27 de abr. de 2022

Estudo fase 3 para avaliar a eficácia e a segurança do Reldesemtiv em pacientes com ELA

 

Reldesemtiv (anteriormente CK-2127107) é um tratamento experimental desenvolvido pela Cytokinetics em colaboração com a Astellas. Destina-se a melhorar a função muscular e o desempenho físico em pessoas com doenças que causam fraqueza muscular e/ou fadiga muscular, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA) e a atrofia muscular espinhal (AME).

Como funciona o reldesemtiv

Na ELA, a perda progressiva de neurônios motores ou células nervosas envolvidas no controle muscular faz com que os músculos enfraqueçam e definham (atrofia). Isso pode resultar em problemas de movimento e respiração e vários outros sintomas.

Reldesemtiv é um tipo de ativador rápido da troponina do músculo esquelético (FSTA) que visa retardar o declínio da função muscular em pacientes com ELA. Os músculos são estruturas complexas compostas por múltiplas fibras musculares. Essas fibras contêm sarcômeros, a unidade mecânica básica que se contrai para fazer os músculos funcionarem, e é ativada pelo cálcio. A liberação de cálcio é desencadeada por sinais do sistema nervoso – sinais que são reduzidos em condições como a ELA.

Reldesemtiv em ensaios clínicos

A segurança, tolerabilidade, biodisponibilidade (a proporção da terapia que entra na circulação quando introduzida no corpo), farmacocinética (movimento no corpo) e farmacodinâmica (efeito no corpo) de reldesemtiv foram avaliadas em cinco ensaios clínicos de Fase 1.

Os resultados de um estudo, realizado em voluntários saudáveis, mostraram que o reldesemtiv foi bem tolerado sem eventos adversos e levou a aumentos na força de contração muscular medida por estimulação nervosa.

A eficácia, segurança e tolerabilidade do reldesemtiv também foram testadas em pacientes com ELA em um ensaio clínico de Fase 2 (NCT03160898). Os pesquisadores avaliaram a alteração da linha de base após o tratamento com reldesemtiv na porcentagem prevista da capacidade vital lenta (SVC), uma medida da força dos músculos respiratórios como preditor de progressão e sobrevivência da doença e outras medidas da função do músculo esquelético. O estudo, chamado FORTITUDE-ALS, recrutou 458 pacientes com ELA em centros nos EUA, Canadá, Austrália, Irlanda, Espanha e Holanda.

No entanto, no início de maio de 2019, a Cytokinetics anunciou que o reldesemtiv não conseguiu atingir diferenças estatisticamente significativas no declínio da SVC em comparação com um placebo após 12 semanas. Mas a empresa ainda está otimista com os resultados e afirmou que notou diferenças entre os grupos de tratamento e placebo, que se tornaram maiores ao longo do tempo. Durante o ensaio, os efeitos de três doses diferentes de reldesemtiv foram comparados com um placebo. Quando cada dose foi comparada separadamente com o placebo, não houve diferença grande o suficiente na SVC. No entanto, se todos os três grupos de reldesemtiv forem combinados, houve uma redução de 27% no declínio da SVC em comparação com o placebo. Quando todos os grupos de tratamento foram agrupados, houve também uma redução de 25% no declínio na escala de classificação funcional ALS revisada (ALSFRS-R). O ALSFRS-R mede quão bem os pacientes com ELA podem realizar certas atividades diárias.

COURAGE-ALS é um estudo de Fase 3, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo de reldesemtiv em pacientes com idades entre 18 e 80 anos com ELA.

O período de triagem e qualificação para o teste não terá mais de 14 dias de duração. Aproximadamente 555 pacientes elegíveis para ELA serão randomizados (2:1) para receber a seguinte dose de reldesemtiv ou placebo (estratificado por uso/não uso de riluzol e uso/não uso de edaravona) nas primeiras 24 semanas (duplo-cego, placebo -período controlado):

·         300 mg de reldesemtiv duas vezes ao dia para uma dose diária total de 600 mg (TDD)

·         Placebo duas vezes ao dia

No final do período de 24 semanas, duplo-cego, controlado por placebo, os pacientes passarão para o período do medicamento ativo, onde todos os pacientes receberão a seguinte dose de reldesemtiv pelas próximas 24 semanas:

·     300 mg de reldesemtiv duas vezes ao dia para um TDD de 600 mg para pacientes que não foram titulados durante as 24 semanas de dosagem cega

·       150 mg de reldesemtiv duas vezes ao dia para um TDD de 300 mg para pacientes que foram titulados durante as 24 semanas de dosagem cega.

Tipo de estudo:

Intervencionista (Ensaio Clínico)

Inscrição estimada :

555 participantes

Alocação:

Randomizado

Modelo de intervenção:

Atribuição Paralela

Mascaramento:

Quádruplo (Participante, Prestador de Cuidados, Investigador, Avaliador de Resultados)

Objetivo principal:

Tratamento

Titulo oficial:

Estudo  fase 3 para avaliar a eficácia e a segurança do Reldesemtiv em pacientes com ELA

Data real de início do estudo:

16 de agosto de 2021

Data de conclusão primária estimada:

Dezembro de 2023

Data estimada de conclusão do estudo:

Março de 2024

 

Referencias bibliográficas

https://alsnewstoday.com/ck-2127107/

https://clinicaltrials.gov/

Imagem meramente ilustrativa

 

 

24 de abr. de 2022

Fim da reprodução assistida no Brasil? Especialista fala sobre impactos do PL 1184/2003

Texto que tramita na Câmara dos Deputados impõe limitações importantes nos procedimentos de reprodução assistida e pode impedir o tratamento para casais homoafetivos, mães e pais solos

Divulgação/SBRA
Divulgação/SBRA


Após idas e vindas, o Projeto de Lei (PL) 1184/2003 foi desengavetado pelo deputado Diego Garcia (PODE-PR) e está em tramitação na Câmara dos Deputados. De autoria do senador Lucio Alcantara (PSBD-CE), o documento se tornou motivo de preocupação entre profissionais da saúde, por tentar instituir novas normas para os processos de inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV), colocando em xeque direitos até então garantidos.

Em suma, as alterações propostas seriam a proibição do congelamento de embriões, biópsia embrionária e da gestação de substituição (conhecida popularmente como barriga solidária). Além disso, doadores de óvulo e sêmen não poderiam mais ser protegidos pelo anonimato e um número limitado de óvulos poderiam ser inseminados e transferidos a fresco.  

No segundo artigo do PL, define-se que a reprodução assistida poderá ser feita exclusivamente por indicação médica. Ao associar a possibilidade desse tratamento apenas aos casos comprovados de infertilidade, acaba excluindo também os direitos de casais homoafetivos.

Diante dessas mudanças, surgiu um movimento entre as diversas sociedades médicas para anular o projeto, porque “não é viável e realmente compromete o tratamento das pacientes em reprodução assistida, pois com número restrito de óvulos, a chance de gravidez é nula”, disse a ginecologista e especialista em reprodução humana, Dra. Adriana de Góes.

Em entrevista ao site da TV Cultura, ela esclareceu os impactos que o PL 1184/2003 pode causar e confirmou que, se aprovado, pode inviabilizar a reprodução assistida no Brasil, especialmente por conta da restrição da quantidade de óvulos.   

Como funciona a reprodução assistida?

texto restringe para dois o número de óvulos que podem ser utilizados no processo de fertilização. Essa quantidade, segundo Adriana, é insuficiente para uma transferência embrionária.

“Para se ter uma noção, quando eu importo óvulos, naturalmente de uma mulher fértil com ótimas chances de gravidez, eu recomendo a importação de oito a 12 óvulos e todos são fertilizados com foco de ter um embrião para transferir, e os excedentes são congelados”, iniciou a ginecologista. 

“No processo de estímulo ovariano, uma paciente que tem uma resposta adequada, ela tem mais que cinco óvulos. Se essa pessoa for submetida ao tratamento e eu utilizar apenas dois óvulos para injetar espermatozóide, pode ser que ela não tenha nenhum embrião para ser transferido”, prosseguiu.

Adriana explica que a ideia da reprodução assistida é promover o aumento do número de óvulos, então é necessário ter vários para fertilizar um espermatozoide em cada óvulo e assim, formar um embrião. Em seguida, esse embrião fica em cultivo no laboratório até cinco dias para que os melhores ou o melhor seja transferido.

Ela afirma ainda que, além de impossibilitar o tratamento pelas questões técnicas que explicou, o projeto também impacta financeiramente a vida daqueles que optam pela reprodução assistida.  

“Se eu restringir a um número de dois óvulos e os demais óvulos, se houver, eu congelar, essa paciente pode ter nenhum embrião para transferência. Além disso, ela tem um custo adicional de descongelar óvulos que corre o risco de perda. Quando eu congelo óvulos e descongelo, eu tenho um risco de sobrevida do descongelamento de 85 a 90%, mas de qualquer forma, 10% a 15% de perda pode ser muito significativo para uma paciente que já luta com a infertilidade”, argumentou.

Entendendo a dinâmica do óvulo

Para entender melhor como funciona o procedimento da reprodução assistida, a especialista associa o ovário a um cacho de uva, sendo que cada uva é um folículo, e a semente é o óvulo.    

“No caso do ovário, nem toda uva tem semente, então eu preciso estimular o crescimento das uvas [folículos]. Depois que eu condicionar, vou ver quais uvas tem sementes. Após isso, cada óvulo vai ser fertilizado por um único espermatozoide. Só que, nem todo óvulo fertilizado, onde eu injeto espermatozoide, evolui para um embrião com divisão normal, e nem todo embrião que está ok no primeiro dia, após a injeção do espermatozoide, permanece estável no laboratório”.

Por isso a importância de ter uma grande quantidade de óvulos para ter sucesso no tratamento.

“Tem uma perda progressiva, um afunilamento do número de folículos em relação ao número de óvulos, em relação ao número de embriões formados e finalmente em relação ao número de embriões em dia 5, que é o embrião apto para o processo de fixação no útero, preferencialmente o que tem mais chance de gravidez. Então se eu restringir o número de óvulos, eu comprometo a possibilidade de transferência embrionária”, contou Adriana.

Tais propostas trazidas pelo PL 1184/2003 vão em desencontro aos números obtidos no 13º relatório do SisEmbrio, conduzido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em que consta um aumento da procura por estes tratamentos. De acordo com o documento, 100.360 embriões foram congelados em 2019 para serem usados em técnicas de reprodução assistida. No caso da fertilização in vitro, foram realizados 44.705 procedimentos, um acréscimo de 1.607 ciclos quando comparados a 2018.

Por enquanto, o texto que começou a ser discutido em 2003, foi devolvido ao relator no dia 16 de agosto deste ano, e, pela repercussão nas redes sociais, deverá ser acompanhado de perto por muitas pessoas que esperam fazer uso das técnicas no futuro e por especialistas que sabem do potencial do tratamento para trazer crianças ao mundo.

Referência Bibliográfica: https://cultura.uol.com.br/noticias/38535_fim-da-reproducao-assistida-no-brasil-especialista-fala-sobre-impactos-do-pl-11842003.html


Nota so Blog: Para se realizar o DIAGNÓSTICO GENÉTICO PRE-GESTACIONAL (PGD) é necessário  proceder primeiramente a fertilização in vitro.

Leitura recomendada: http://falandosobreela.blogspot.com/2018/08/a-prevencao-da-ela-familiar-e-possivel.html

20 de mar. de 2021

Estudo vai avaliar a eficácia e a segurança daTauroursodesoxicólico (TUDCA) como tratamento complementar em pacientes com ELA.

 

 



Por Antonio Jorge de Melo

No dia 22/2/19 a empresa Humanitas Mirasole SpA, em um consórcio envolvendo diversos hospitais e centros de pesquisas, deu início a um estudo multicêntrico FASE III  com a droga Tauroursodesoxicólico (TUDCA), com a finalidade de avaliar a segurança e a eficácia dessa droga como tratamento complementar em pacientes afetados pela  Esclerose Lateral amiotrófica (ELA).


O Ácido Ursodesoxicólico (UDCA) é uma substância naturalmente produzida pelo fígado. O UDCA interfere na suspensão dos cristais de colesterol, bloqueando parcialmente a sua precipitação, causa da formação de cálculos biliares de colesterol, bem como pode chegar a dissolver cálculos biliares de colesterol de tamanho pequeno com diâmetro máximo de 1cm. É um ácido biliar hidrofílico, não tóxico, que apresenta múltiplas atividades hepatoprotetoras, das quais se destacam as propriedades citoprotetoras, antiapoptóticas e imunomodeladoras, assim como um efeito colerético.

O estudo prevê a inclusão de 440 pacientes, que farão uso de 1g (4 capsulas de 250 mg) de Tudca ou placebo  a cada 12 horas por 18 meses.

A data estimada para conclusão do estudo está prevista para 30 de dezembro de 2022. Vale a pena dar especial atenção aos critérios de exclusão de pacientes de ELA candidatos ao estudo:

Tratamento com Edaravona

Outras causas de fraqueza neuromuscular

Presença de outras doenças neurodegenerativas

Comprometimento cognitivo significativo, demência clínica ou doença psiquiátrica

Doença cardíaca ou pulmonar grave

Outras doenças que impossibilitam avaliações funcionais

Outras doenças potencialmente fatais

No momento da triagem, qualquer uso de ventilação não invasiva,  ou ventilação mecânica via traqueostomia, ou em qualquer forma de suplementação de oxigênio

Distúrbio gastrointestinal que pode prejudicar a absorção do medicamento do estudo pelo trato gastrointestinal

Uso de qualquer medicamento do estudo experimental dentro de 30 dias ou cinco meias-vidas do agente anterior, o que for mais longo, antes da dosagem

Qualquer anormalidade laboratorial clinicamente significativa

Uso de outros medicamentos experimentais concomitantes

Úlcera péptica ativa

Cirurgia anterior ou infecções do intestino delgado

Pacientes incapazes de engolir facilmente as pílulas de tratamento no momento da inscrição

Ocorrência de cólicas biliares frequentes, infecções biliares, anormalidades pancreáticas graves

Sujeitos que pesam 88 libras (40 kg) ou menos na triagem

Concentrações de aspartato aminotransferase ou alanina aminotransferase mais de 3 vezes o limite superior do normal

Depuração de creatinina 50 ml / min ou menos

Exposição anterior a ácidos biliares

Qualquer distúrbio neurológico, hematológico, autoimune, endócrino, cardiovascular, neoplásico, renal, gastrointestinal ou outro clinicamente significativo que, na opinião do investigador, possa interferir na participação do sujeito no estudo, colocar o sujeito em risco aumentado ou confundir a interpretação de resultados do estudo

Consideração pelo investigador, por qualquer motivo, de que o sujeito é um candidato inadequado para receber TUDCA ou que o sujeito é incapaz ou improvável de cumprir o cronograma de dosagem ou as avaliações do estudo

A paciente é sexualmente ativa e não deseja usar métodos anticoncepcionais altamente eficazes durante o estudo e até 90 dias após o dia da última dose 

FONTE: https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT03800524

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