Desembarque efetuado pela Gol no aeroporto de Goiânia: violação explícita da resolução Nº 9 da ANAC |
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A Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou 1981 como o Ano Internacional das Pessoas Deficientes (AIPD), com o lema "Participação plena e igualdade".
Há 30 anos, inspiradas pelo AIPD, milhares de pessoas com deficiência, no Brasil e ao redor do mundo, se deram conta de que eram cidadãos plenos de direitos e mobilizaram seus pares a mudar a realidade injusta em que viviam. Passados 30 anos, podemos concluir que ainda há muito que se avançar nessa discussão.
Recentemente, me vi diante de 2 fatos sucessivos e iguais, cuja solução poderia ser muito simples, mas como se trata de um país chamado Brasil, onde o não cumprimento das leis é cúmplice da impunidade, e a situação vai se perpetuando até que alguma coisa de novo aconteça ao sabor da vontade de quem tem o poder de decidir e agir.
No mês de agosto fiz uma viagem de avião Rio-Goiânia-Rio pela GOL, e para minha surpresa, mesmo sabendo da Resolução Nº 9 da ANAC, ficou claro p/ mim que essa resolução está sendo cabalmente desrespeitada pela Infraero e pela Gol. Sendo cadeirante, o meu desembarque deveria ser feito dentro do que determina a tal Resolução, mas o que ocorreu na verdade foi um desembarque/embarque improvisado, sem nenhuma garantia de segurança p/ o passageiro, e uma sucessão de desmandos. Fui informado de que o ambulifit do aeroporto de Goiânia estava enguiçado, e que a cadeira com esteira da GOL estava quebrada, fato que confirmei, vendo-a pegando poeira no balcão da empresa no aeroporto.
Agora em outubro precisei fazer uma outra viagem de avião Rio-Brasília-Rio, mas resolvi mudar de empresa, optando pela TAM. Mas para minha surpresa, ao chegar ao aeroporto JK, o meu desembarque, que deveria ter sido feito através de ambulift, cdr com esteira, ou outro equipamento adequado, segundo a Resolução Nº 9 da ANAC não ocorreu. Fui desembarcado de forma improvisada, sentado em uma cdr carregado por 3 pessoas, sendo exposto a um risco de queda, alem de todo um constrangimento generalizado, ou seja, o filme de Goiânia reprisado em Brasília.
No dia 11/10, voltando para o Rio, embarquei em um outro vôo da TAM. Devido ao mau tempo, o avião retornou ao aeroporto JK, e os passageiros desembarcaram p/ serem conduzidos a uma outra aeronave. O meu desembarque mais uma vez ocorreu de forma inadequada, e a TAM mais uma vez violou a Resolução Nº 9 da ANAC, e novamente fui exposto a constrangimentos e ao um risco de acidente iminente, pois chovia no momento do desembarque, e a escada estava molhada. Até um comissário de bordo teve que ser deslocado das suas funções p/ auxiliar nesse improvisado e perigoso desembarque.
Estou relatando aqui um fato que, apesar de não atingir a totalidade dos deficientes brasileiros, mostra que há muito que se avançar nas questões relacionadas ao respeito e ao cumprimento das determinações já estabelecidas. Para a Infraero, disponibilizar do ambulift nos principais aeroportos brasileiros, e para as empresas aéreas disponibilizar dos equipamentos que possam garantir a segurança e o bem-estar dos deficientes e portadores de necessidades especiais em seus embarques e desembarques das aeronaves, quando assim for necessário.
Qual a dificuldade nisso? Nenhuma, eu creio. Mas o interesse, a consciência, a responsabilidade social das empresas, tudo isso é muito bonito na propaganda que elas fazem. Na prática, não é assim que as coisas funcionam. Que pena, poderíamos ter mais motivos para comemorar nesses 30 anos...