Estudo pode ajudar médicos e pesquisadores a
identificar pacientes com maior risco de progressão rápida da doença
Um novo teste, que mede proteínas
fragmentadas por lesão do sistema nervoso e que são depositadas no
sangue e no líquido cefalorraquidiano, revela a taxa de progressão da esclerose
lateral amiotrófica (ELA), como informam pesquisadores da Clínica Mayo de
Jacksonville, na Flórida; da Universidade de Emory e da Universidade da
Flórida.
O estudo, publicado na versão online do
Journal of
Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, sugere que esse teste,
se aperfeiçoado, pode ajudar os médicos e pesquisadores a identificar os
pacientes com maior risco de progressão rápida da doença. A esses pacientes seria oferecida, então, alguma nova terapia em
fase de desenvolvimento ou de teste.
A ELA - também conhecida como doença de Lou Gehrig - é uma doença
neurodegenerativa progressiva, causada pela degeneração dos neurônios motores
(as células do sistema nervoso central), que controlam os movimentos
voluntários dos músculos. A taxa de
progressão varia muito entre os pacientes e a sobrevivência, a partir da data
do diagnóstico, pode ser de meses a 10 anos ou mais, diz o diretor-médico da
Clínica de ELA da Clínica Mayo de Jacksonville, Kevin Boylan.
" No tratamento de pacientes com ELA, há necessidade de formas mais
confiáveis para determinar a rapidez da progressão da doença" , diz
Boylan, que é o principal pesquisador do estudo. " Muitos pesquisadores da
ELA têm buscado desenvolver um teste com biomarcador molecular para a lesão do
sistema nervoso desse tipo; é encorajador saber que esse teste pode fazer isso.
Como amostras de sangue são coletadas mais facilmente do que o líquido
cefalorraquidiano, estamos especialmente interessados em fazer ainda mais essa
avaliação no sangue periférico, em comparação com o líquido
cefalorraquidiano" , declara.
"Se houver uma maneira de identificar pessoas que possam ter uma
progressão mais rápida, deverá ser possível conduzir estudos terapêuticos com
um número menor de pacientes, em menos tempo do que o exigido atualmente"
Tratamento
Não existem medicamentos que levem à cura ou mesmo a benefícios
significativos para o tratamento da ELA, no momento, mas há muitos em
desenvolvimento" , diz Boylan. Um teste como esse pode ajudar a
identificar os pacientes com riscos de uma progressão mais rápida da doença. Com tratamentos experimentais que,
basicamente, reduzem a progressão da ELA, a detecção de uma resposta ao
tratamento em pacientes com progressão mais rápida pode ser conseguida mais
facilmente, diz Boylan. No momento, pacientes com diversas taxas de progressão
participam de estudos clínicos, o que pode tornar difícil a análise do
benefício de um medicamento, ele afirma.
" Se houver uma maneira de identificar pessoas que possam ter uma
progressão mais rápida, deverá ser possível conduzir estudos terapêuticos com
um número menor de pacientes, em menos tempo do que o exigido atualmente"
, diz Boylan.
Um objetivo para um prazo mais longo é desenvolver testes desse tipo
para se avaliar com que eficácia um paciente responde a terapias experimentais.
O teste mede a forma pesada dos neurofilamentos
no sangue e no líquido cefalorraquidiano. São proteínas que fornecem uma
estrutura para os neurônios motores e, quando os nervos são lesionados pela
doença, as proteínas se fragmentam e flutuam livremente no soro sanguíneo e no
líquido cefalorraquidiano. Uma pesquisa anterior foi conduzida pelo
neurocientista da Universidade da Flórida, Gerry Shaw, que é o pesquisador mais
experiente do grupo e que desenvolveu o ensaio com neurofilamentos usado no
estudo.
Os pesquisadores mediram a forma pesada de neurofilamentos em amostras
de sangue e de líquido cefalorraquidiano de pacientes da Clínica Mayo e da
Universidade de Emory, correlacionando os níveis de proteína e a taxa de
progressão. " Demonstramos uma associação sólida entre níveis mais altos
de proteína e a progressão mais rápida do enfraquecimento dos músculos" ,
explica. Também houve evidências de que pacientes da ELA, com níveis mais altos
de proteínas, tinham uma sobrevivência mais curta, ele informa.
Imagem meramente ilustrativa