Por Antonio Jorge de Melo
“Nós fizemos
um enorme progresso na última década na ELA”, foram as palavras ditas pelo Dr Merit Cudkowicz, Professor de neurologia
da Escola Médica de Harvard e chefe do serviço de neurologia e Diretor do MDA
ALS Clinic Hospital Geral de Massachusetts aos participantes em uma sessão de
Neurociência integrada sobre ELA na Academia Americana de Neurologia (AAN) em
sua 67ª reunião anual realizada em Washington durante os dias 18 a 25/04/15 .
Durante esse
importantíssimo evento no cenário mundial da Neurologia foram apresentados muitos
resultados de pesquisas realizadas com pacientes de ELA. Quero aqui dar um
destaque especial para a apresentação dos resultados do fingolimod (Gilenya) na ELA. O Gilenya foi
lançado no Brasil pela empresa farmacêutica Novartis em fevereiro de 2013 como
a primeira droga de classe mundial para uso oral para pacientes de Esclerose
Múltipla, (até então todas as drogas para tratar EM eram injetáveis).
Vale a pena
ressaltar que, “com o apoio da Senadora Ana Amélia, o medicamento Fingolimode,
utilizado para o tratamento da Esclerose Múltipla, foi incorporado na lista do
Sistema Único de Saúde (SUS). A confirmação ocorreu por meio de portaria
publicada no Diário Oficial da União...” Portanto, o fingolimod é uma droga que
já está disponível no SUS para tratar EM.
Em setembro de
2013 a Novartis iniciou a pesquisa Fase IIa com fingolimod na ELA, cujos
objetivos primários foram avaliar sua tolerabilidade e segurança nesses
pacientes. O estudo foi concluído em agosto de 2014, e seus resultados
apresentados durante a reunião anual da AAN.
Segundo foi
publicado, “...o estudo cumpriu o seu objetivo primário de tolerabilidade. A monitorização final dos dados clínicos e
análise de RNA estão em andamento. Os resultados completos serão
apresentados na reunião da Associação AMERICANAde
Neurologia em 2015.”
Tão logo os resultados favoráveis desta pesquisa em pacientes com ELA sejam confirmados e tornem-se de
domínio público, penso que os cerca de 13000 a 15000 pacientes de ELA do Brasil que esperam
ansiosamente por uma nova abordagem terapêutica poderão
se mobilizar e realizar ações que venham sensibilizar os órgãos regulatórios
brasileiros e permitir que nós tambem
tenhamos acesso ao Gilenya através do
SUS, mesmo antes de um estudo Fase III, por uma série de razões muito simples e plenamente
justificáveis.
A ELA é uma doença gravíssima, progressiva, degenerativa e sem cura. O riluzol não nos proporciona benefícios satisfatórios, pois relata apenas uns poucos meses a mais de vida, e não há nenhuma outra droga no mercado que nos de alguma chance de uma sobrevida maior e melhor. Vale ainda ressaltar que as associações de ELA nos EUA, juntamente com o FDA e o Senado americano conseguiram unir esforços e aprovar uma lei chamada “Right to Try".
A ELA é uma doença gravíssima, progressiva, degenerativa e sem cura. O riluzol não nos proporciona benefícios satisfatórios, pois relata apenas uns poucos meses a mais de vida, e não há nenhuma outra droga no mercado que nos de alguma chance de uma sobrevida maior e melhor. Vale ainda ressaltar que as associações de ELA nos EUA, juntamente com o FDA e o Senado americano conseguiram unir esforços e aprovar uma lei chamada “Right to Try".
"Right to Try"- O direito de tentar, é um novo movimento para fazer com que drogas experimentais sejam disponibilizadas para os doentes terminais nos EUA. Os advogados e estudiosos do Instituto Goldwater, do Arizona elaboraram uma legislação para que os pacientes terminais façam uso de drogas experimentais para o câncer ou doenças neurológicas degenerativas mais cedo.
O
projeto visa superar a objeção habitual para a disponibilização de tais drogas
experimentais devido a segurança. Na lei "direito de
tentar," só as drogas que passaram pela FASE I dos testes cruciais do FDA poderiam ser prescritas, reduzindo assim a possibilidade de
casos como a da Talidomida. Em segundo lugar, apenas os pacientes terminais seriam elegíveis para a compra dos
medicamentos, tornando mais difícil que a droga venha comprometer
suas vidas.
Diante de tudo o que aqui foi exposto, nós pacientes de ELA,
familiares, cuidadores, profissionais da saúde e simpatizantes dessa causa tão
nobre e digna, devemos todos nos unir em
torno dessa discussão e buscarmos um entendimento com os órgãos regulatórios
brasileiros, centros de pesquisas, a Novartis, médicos pesquisadores,
juntamente com aqueles parlamentares que tem se destacado na luta em favor das
pessoas que sofrem de doenças graves e raras, como a Senadora Ana Amélia, o
Senador Romário, o Senador Paulo Paim, e a Deputada Mara Gabrilli, entre outras autoridades
legislativas.
Por fim, como
disse Dr Merit Cudkowicz, “...as pesquisas fizeram enorme progresso.” Vamos fazer esse progresso ser realidade também
aqui no Brasil.
E nas nossas vidas.
Referência
bibliográfica