Por Antonio Jorge de Melo
Sou cadeirante por
conta de uma paraplegia parcial em função de estar acometido de uma doença
degenerativa chamada Esclerose Lateral Amiotrófica, e por isso possuo
restrições em minha habilitação para dirigir apenas veículos com direção hidráulica
e que possuam câmbio automático.
No dia 28/07 fui ao
Detran de Volta Redonda para fazer uma perícia médica para renovar a minha
carteira de habilitação. Antigamente essa perícia era obrigatoriamente feita no
posto do Detran na Gávea, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro,
independentemente de onde o condutor morasse. Isso era bastante oneroso e
desgastante, pois precisávamos nos deslocar de nossas cidades, perder um dia
inteiro com isso, deixando atividades de trabalho, estudo, gastando tempo e
dinheiro.
Pois bem, agora a
perícia pode ser feita na própria cidade do condutor, bastando que ele agende
previamente após cumpridos os outros trâmites. Segundo o Dep Federal Nelson Gonçalves,
essa Resolução foi de autoria dele, o que é muito louvável.
Mas para minha surpresa,
o perito não teve a mínima preocupação em me examinar, não me encostou a mão, não
perguntou absolutamente nada sobre minha condição de saúde, não perguntou se eu
possuía algum laudo para que ele pudesse basear a sua decisão. Simplesmente
carimbou a guia que ele deveria ter encaminhado ao Detran me designando como
apto para dirigir para uma junta médica na Gávea. Pensei logo comigo: esse médico não deve ter a mínima noção do que é ELA, e entre se comprometer com o seu trabalho e com o contribuinte, ele preferiu jogar o "pepino" pra frente e lavar as mãos, no melhor estilo do velho "jeitinho brasileiro".
Saí dali sem acreditar que
aquilo tinha acontecido. Ainda vi o carro do Detran estacionado na porta do
posto com o motorista que o trouxe, tudo pago com o dinheiro dos elevados
impostos que eu e você pagamos as duras penas.
É facil entender porque
o Brasil está do jeito que está. O poder público conspira contra os cidadãos,
ao invés de se colocar ao lado deles. Ele nos onera, nos dificulta, nos ignora
e nos oprime. O fato de você estar em uma cadeira de rodas significa que voce
vai ter que “dar seus pulos”, se quiser ter seus direitos respeitados.