Continuação...
Chiarice acusa a Anvisa
de “má vontade” por não tê-lo ajudado a desenvolver os testes pré-clínicos e
clínicos necessários para a avaliação da substância. A Anvisa esclarece que não
é papel da agência desenvolver pesquisas e medicamentos. "É preciso
destacar que a Anvisa só avalia pesquisas clínicas ou requerimentos de registro
de medicamentos e demais produtos se houver solicitação do interessado. Ou
seja, a Agência não realiza análises sem motivação objetiva", afirmou a
instituição por e-mail. A agência observa ainda que "a venda ou distribuição de
qualquer medicamento sem registro ou fora do contexto de uma pesquisa clínica
aprovada caracteriza uma ilegalidade".
Mais recentemente, uma
parceria entre Chiarice e o Instituto Butantan levou à publicação de cinco
artigos em revistas científicas sobre a ação anticancerígena da
fosfoetanolamina sintética em culturas de células e em animais. Porém não houve
prosseguimento dos testes para viabilizar um estudo em humanos.
Houve ainda um contato
com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em novembro de 2013 para o prosseguimento
dos testes, mas nenhum acordo foi firmado. Segundo Chiarice, a instituição
exigia que a patente do método de sintese da substância fosse passada para a
Fiocruz, o que não teria sido aceito pelo pesquisador. Já a Fiocruz afirma que
não realizou o pedido da patente, apenas informou que para uma possível
produção pública de cápsulas da substância, após a realização dos estudos
necessários, o licenciamento da substância poderia ser passado a um laboratório
oficial.
Demandas judiciais
Depois da aposentadoria de Chiarice do IQSC em 2013, o instituto interrompeu a produção da cápsula. Em nota, o instituto afirma que constatou que, como não havia licença e registro necessários para a produção da substância para fins medicamentosos, essa distribuição estava ferindo a legislação federal. Vários pacientes, porém, estão conseguindo na Justiça o direito de receberem a substância, por isso o IQSC continua produzindo e fornecendo o produto para atender às demandas judiciais.
Depois da aposentadoria de Chiarice do IQSC em 2013, o instituto interrompeu a produção da cápsula. Em nota, o instituto afirma que constatou que, como não havia licença e registro necessários para a produção da substância para fins medicamentosos, essa distribuição estava ferindo a legislação federal. Vários pacientes, porém, estão conseguindo na Justiça o direito de receberem a substância, por isso o IQSC continua produzindo e fornecendo o produto para atender às demandas judiciais.
"Cabe ressaltar que
o IQSC não dispõe de dados sobre a eficácia da fosfoetanolamina no tratamento
dos diferentes tipos de câncer em seres humanos – até porque não temos
conhecimento da existência de controle clínico das pessoas que consumiram a
substância – e não dispõe de médico para orientar e prescrever a utilização da
referida substância", afirmou o instituto.
Risco aos pacientes
Para o pesquisador João B. Calixto, coordenador do Centro de Inovação e Ensaios Pré-clínicos (CIEnP), uma entidade privada de pesquisas que presta serviços a empresas farmacêuticas, a situação é atípica e pode colocar em risco os pacientes.
Para o pesquisador João B. Calixto, coordenador do Centro de Inovação e Ensaios Pré-clínicos (CIEnP), uma entidade privada de pesquisas que presta serviços a empresas farmacêuticas, a situação é atípica e pode colocar em risco os pacientes.
“Provavelmente, no passado, situações como
essa aconteciam com mais frequência, mas há muito tempo existem leis cada vez
mais rígidas que têm como principal preocupação a segurança do paciente”,
afirma. “O que se tem nesse caso é apenas uma molécula que não foi sintetizada
por causa do alvo, mas meio ao acaso. Hoje, a indústria não faz uma molécula ao
acaso, mas baseada no alvo que ela quer atacar.”
Enquanto
isso, centenas de pacientes continuam procurando Chierice para pedir as
“cápsulas da USP” por acreditarem que ela é capaz de curar o câncer. Não há
qualquer registro sobre quantas pessoas já recorreram à substância e nem sobre
o efeito que a cápsula teve no organismo dos pacientes.
Novas
pesquisas
Diante de tantas dúvidas e incertezas
confrontadas com o os anseios dos pacientes, no ultima dia 17/11 o ministro da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Celso Pansera anunciou a liberação de
cerca de 2 milhões de reais para a
primeira fase de testes pré-clínicos com a droga (feitos em cobaias, antes de a
substância ser usada em humanos) concluída em sete meses. Ele explicou
que os testes serão feitos a partir de duas amostras da molécula. Uma será
requisitada à Universidade de São Paulo (USP) e outra será manufaturada com
base na descrição do composto registrado no pedido de patente apresentado ao
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Segundo o MCTI, depois da
primeira etapa de análises, estão previstas as fases seguintes do estudo em
humanos.
“Existe uma polêmica provocada por decisões
judiciais no sentido de mandar a Universidade de São Paulo distribuir essa
molécula. Não existe informação, por parte da Anvisa, nem de nenhum outro
órgão, que certifique o uso desse remédio no Brasil ou no mundo; não há ninguém
que tenha certificado essa molécula como remédio de combate à doença”, afirmou
o ministro Pansera, em entrevista coletiva. A estimativa é que nos próximos anos sejam
gastos aproximadamente R$ 10 milhões na pesquisa.
E quando tudo parecia ter entrado
nos eixos, O governador Geraldo Alckmin foi para a imprensa dizer que vai pedir
à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a
liberação para o uso da fosfoetanolamina
sintética. A afirmação foi feita na última terça-feira (24/11), quando
o governador ofereceu hospitais e laboratórios da rede estadual para a
avaliação.
A atitude de querer liberar a
fórmula antes dos testes clínicos foi criticada por especialistas, de acordo
com o Estadão. "Essa
substância já vem há quase 20 anos sendo testada e tem tido resultados
surpreendentes. Vamos procurar ajudar e trabalhar para que a Anvisa, baseada em lei federal, autorize o regime
compassivo, quando a substância é disponibilizada para que as pessoas possam utilizar
antes da sua aprovação pela Anvisa", afirmou Alckmin.
Segundo o jornal, o governador fez
uma reunião com o pesquisador Gilberto
Chierice, antigo professor de Química daUniversidade de São
Paulo (USP) de São Carlos, idealizador da fórmula, além de alguns
pacientes.
Fonte:
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/pilula-da-usp-contra-cancer-nao-passou-por-testes-clinicos-entenda.html
http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2015/11/pilula-do-cancer-entra-em-fase-de-testes-pre-clinicos
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/6-respostas-sobre-a-pilula-que-promete-curar-o-cancerhttp://epoca.globo.com/tempo/filtro/noticia/2015/11/pilula-do-cancer-alckmin-vai-pedir-liberacao-da-fosfoetanolamina-anvisa.html
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/pilula-da-usp-contra-cancer-nao-passou-por-testes-clinicos-entenda.html
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/pilula-da-usp-contra-cancer-nao-passou-por-testes-clinicos-entenda.html
http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2015/11/pilula-do-cancer-entra-em-fase-de-testes-pre-clinicos
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/6-respostas-sobre-a-pilula-que-promete-curar-o-cancerhttp://epoca.globo.com/tempo/filtro/noticia/2015/11/pilula-do-cancer-alckmin-vai-pedir-liberacao-da-fosfoetanolamina-anvisa.html
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/pilula-da-usp-contra-cancer-nao-passou-por-testes-clinicos-entenda.html
Leia tambem:
http://falandosobreela.blogspot.com.br/2015/12/a-fosfoetanolamina-e-o-direito-de.html